Árvore de manivela, girabrequim, árvore de cambota etc, são alguns dos vários nomes do popular virabrequim, originário do francês virebrequim. É um componente que faz os êmbolos trabalharem alternadamente dentro do motor. Seja como for, vamos verificar como fazer a checagem do estado da peça, sua retífica, transporte, polimento e armazenagem.
Ao desmontar um motor, peças retificáveis como bloco, cabeçote, bielas, comando de válvulas e virabrequim, precisam de uma revisão visual, cujo parecer deverá ser anotado em fichas individuais e realizados alguns testes para saber seus estados reais. Depois, inicia-se o procedimento para os devidos reparos, nesse caso, vamos dar continuidade com o virabrequim.
Sua retífica exige atenção especial, pois mesmo que os colos apresentem uma superfície lisa, ao se efetuarem as medições nas diferentes regiões da peça, percebe-se que houve desgaste em forma de ovalização ou conicidade. Alguns eixos apresentam sua superfície riscada ou com fissuras, evidenciando a necessidade de retífica para a primeira ou segunda sub-medidas.
TESTE DE TRINCA
Após passar por essa análise visual, o virabrequim vai para a máquina para verificar se há trincas. Esse processo consiste em magnetizar o eixo e espalhar sobre ele um líquido contendo partículas ou pó de ferro. As partículas se depositam sobre as trincas tornando-as visíveis sob ação de luz negra. A profundidade da trinca pode ser avaliada pela quantidade de partículas depositadas sobre ela, influindo na intensidade do campo. Em caso positivo, a peça será condenada, o contrário ela sai direto para a análise de metrologia, ou seja, conferir as medidas na bancada. Com um micrômetro mede-se o desgaste dos colos para saber quanto deverá ser usinado. As medidas são: standard 0,25mm ou 0,50mm; 075mm e o máximo de l,00 mm. Em motores pesados são utilizadas as duas primeiras medidas.
Depois, mede-se com um cálibre o raio de concordância para saber se estão dentro das especificações do fabricante. Esse procedimento exige muita atenção. Uma medida errada compromete a peça. Para fazer o raio especificado no rebolo, ou pedra (de arenito), utiliza-se um dispositivo próprio com ponta diamantada.O alinhamento é executado tendo como referência os colos dos mancais centrais.
Apoiando-se o eixo entre pontos e fazendo-o girar, pode-se determinar o alinhamento por meio de um relógio que, colocado na bancada da máquina, verifica colo por colo.
Para maior precisão inicia-se a inspeção pelos colos centrais e depois, vai para as extremidades. Caso o mesmo apresente empenamento, proceder a operação de alinhamento com ferramentas especiais e banco com prisma.
RETIFICANDO O VIRABREQUIM
Após passar pelo teste de trinca e alinhamento, colocar o virabrequim na máquina de retífica, definindo o rebolo adequado para aquele tipo de virabrequim, e anexar o relógio comparador para centralizar o eixo, controlando a oscilação e garantindo uma perfeita usinagem.
Inicia-se a retífica do colo atento para que a pedra não encoste nas laterais do virabrequim, a fim de que seja mantida a folga axial. Durante o processo mede-se o raio de concordância até chegar na medida especificada.
Evitar contato manual ou batidas com as partes retificadas, para evitar oxidação ou danos.
Depois de retificados os colos dos mancais e bielas, o virabrequim segue para o balanceamento do eixo, transportado em carrinho próprio para isso. Colocar na máquina de balancear, sem o volante.Colocar os contra-pesos para iniciar o balanceamento.
No painel colorido observa-se um lado de cada vez para fazer a marcação. As cores do painel já indicam a posição do desbalanceamento, onde está e quanto é o desajuste.
Retirar o virabrequim da balanceadora com cuidado, e levar para a parte final que é o polimento. Na máquina de polir, prenda-o pelas pontas, sem apertar para que não deforme. Aplicar a pasta de polir no rebolo de feltro, em movimento de rotação. Depois, colocar o eixo do virabrequim em rotação, ao contrário do rebolo de feltro, e proceder ao polimento uniforme sobre toda a superfície dos colos, deixando-a totalmente espelhada.
Após o polimento, a peça deverá ser armazenada em pé. Caso esteja no chão, toma-se cuidado para não derrubá-la, pois além de ser contaminada, poderá causar um acidente, afirma Marcelo Luis da Silva, encarregado da retífica. Se for ficar armazenada por longo período é bom que seja aplicado um óleo (rustilo) para proteção.Por último, ao colocar o eixo no bloco, o mesmo obrigatoriamente terá que passar por um processo de lavagem fina. Escovar os orifícios de lubrificação e sacar todos os selos existentes de fim de curso das galerias, para ser possível a limpeza desejada. Reinstalar os selos e conferir todos os torques dos parafusos dos contra-pesos.
O QUE NÃO SE DEVE FAZER NUMA RETÍFICA DE VIRABREQUIM
- Nunca armazenar a peça deitada e sim em pé ou pendurada no estilo morcego
- Não colocar a mão na parte retificada, nem bater
- Não transportar sem o carrinho apropriado
- Não armazenar por período prolongado sem o banho de óleo protetivo
- Não encostar na lateral do colo do mancal ou biela, quando da usinagem